quarta-feira, 6 de setembro de 2017

PÉS SOBRE OS MONTES

Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas-novas” (Is. 52.7)

Formosos não são quaisquer pés, mas, os pés que estão sobre os montes. A perspicuidade bíblica aplicada a esta metáfora é, sem dúvida alguma, muito adequada. Morei 10 anos em Belo Horizonte (MG), e sei muito bem, pela experiência, daquilo que este texto está falando. Não há relevo mais difícil de vencer do que este. Diversas foram as vezes, durante os anos de estudo no Seminário, que, para poder dar leite ao meu filho, o único recurso que eu tinha, era economizar no valor da passagem do ônibus. Eu saída de casa a pé, às 5h30 da manhã em direção ao Seminário. Mas, o pior estava quando as aulas terminavam (às 12h30); agora, sob um sol causticante, eu tinha que, a pé, superar as subidas. Aproximando-se das 14h00, eu chegava em casa, suado, esmorecido, esfomeado; mas, ao ver o Gabriel, gordinho, sorrir, todo cansaço sumia... Vanderley Luxemburgo, quando liderou o espetacular time do Cruzeiro (em sua era de ouro), disse que “em BH aprendemos que atrás de um grande morro, tem sempre outro morro maior...”
Como disse, a metáfora é muito adequada. Para se alcançar o coração de um ser humano, é preciso fazer um grande esforço; enfrentar barreiras, vencer o cansaço, o desânimo, e até, correr riscos... A tarefa da evangelização leva o obreiro a muitas circunstâncias difíceis, nas quais é tentado a desanimar, e a achar que a jornada é grande e pesada demais para ele. Muitas são as circunstâncias em que o evangelista sentir-se-á sozinho, cansado, subindo os montes, e encontrando outros, maiores, à frente de si. O Senhor Jesus disse “vos envio como ovelhas para o meio de lobos... rogai ao Senhor da seara que envie mais trabalhadores para a seara... a seara é grande, mas, os trabalhadores, são poucos...” (Lc. 10.2).
Portanto, revigorem-se e reanimem-se! O nosso Deus só tem uma estratégia: “salvar os que crêem pela loucura da pregação” (1 Co. 1.21). A beleza que impressiona o Senhor não são a dos rostos pálidos, maquiados, esticados, e embelezados no conforto da religiosidade, mas a dos pés que sobem montes, e outros à frente deles. Estes pés estão sujos, sim, outras vezes, mal cheirosos, feridos, enlameados, empoeirados, e machucados, mas, tais marcas, são as marcas  da disposição, da intrepidez, e do urgente compromisso com a mais sublime de todas as missões: fazer Cristo conhecido em todo lugar. Desanima não, irmão, continua a jornada; sua direção é para frente, e para cima. AVANCE!!
Ouvi, recentemente, numa conferência, o atual presidente da IPB, Reverendo Roberto Brasileiro. Ele disse a Igreja Presbiteriana aprendeu, e muito bem, os “05 Solas” da Reforma (“Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fidei, Solus Christus, Soli Deo Glória”), no entanto, a grande necessidade da IPB, no atual momento, é aprender (e praticar) o “Sexto Sola”: o “Sola de Sapato!” Disse ele: “É urgente que saiamos do conforto dos nosso templos para gastarmos sola de sapato! É tempo de subirmos o morro, e ainda, outro morro à frente dele. Temos que “suar a camisa”, e nos desgastarmos na obra do Senhor, em tempo e fora de tempo; faça chuva, ou faça sol” (*paráfrase minha).
Dizem que uma mulher só está bela, e elegante, sobre um scarpin. O texto bíblico nos projeta para outra direção, ele fala de uma rara beleza; aquela que não se encontra sobre os scarpins, mas sobre os montes: “Que formosos são sobre os montes os pés do que anuncia as boas-novas, que faz ouvir a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação, que diz a Sião: O teu Deus reina!” (Is. 52.7).

Reverendo Valdemir Oliveira dos Santos

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