O livro dos Atos
dos apóstolos trata sobre a continuidade da obra de Jesus por meio da ação do
Espírito Santo na vida da igreja. Em Atos 2 o Espírito Santo inaugura, e enche
a igreja. Em Atos 3 seus líderes (os apóstolos Pedro e João) curam um coxo. Em Atos
4 são presos (pelo Sinédrio) por causa do milagre ocorrido e da pregação,
explicando o milagre, feita por Pedro.
Ao serem
soltos, Pedro e João, buscam a companhia dos irmãos (4.23), e toda igreja ora a
Deus a oração a seguir: “Ouvindo isto, unânimes, levantaram a voz a Deus e
disseram: "24 Tu, Soberano Senhor, que fizeste o céu, a terra, o mar e tudo o que
neles há; 25 que disseste por intermédio do Espírito Santo, por boca de Davi,
nosso pai, teu servo: Por que se enfureceram os gentios, e os povos imaginaram
coisas vãs? 26 Levantaram-se os reis da terra, e as autoridades ajuntaram-se à
uma contra o Senhor e contra o seu Ungido; 27 porque verdadeiramente se
ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao qual ungiste, Herodes
e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, 28 para fazerem tudo o que a
tua mão e o teu propósito predeterminaram; 29 agora, Senhor, olha para as suas
ameaças e concede aos teus servos que anunciem com toda a intrepidez a tua
palavra, 30 enquanto estendes a mão para fazer curas, sinais e prodígios por
intermédio do nome do teu santo Servo Jesus" (Atos 4.24-28).
Vejamos o que este texto (At. 4.24-28)
revela-nos sobre as características da oração de uma igreja cheia do Espírito Santo:
1) Uma oração UNÂNIME - “Ouvindo isto, unânimes, levantaram a voz a
Deus” (At 4.24)
A igreja
inteira levantou a voz em oração; isso mostra que havia interesse comum, um só objetivo
(veja ainda 1.14; 2.46; 4.24; 5.12; 15.25). Igreja cheia do Espírito é igreja
consciente que somos um corpo (1 Co. 12.12-27); não podemos “puxar um para cada
lado”. A alegria de um deve ser a alegria
de todos; a tristeza de um, deve ser a tristeza de todos (Rm. 12,15; Mt.
18.19).
2) Uma oração DIRIGIDA AO SOBERANO CRIADOR
DE TUDO – “Tu, Soberano Senhor...”
(4.24)
Esta
expressão, “soberano” (despotes, em
grego), denota o controle absoluto de
Deus sobre tudo quanto acontece.
O Sinédrio
podia fazer ameaças e proibições, e tentar silenciar a igreja, mas sua autoridade(do Sinédrio) estava sujeita a uma
autoridade ainda maior (Jo. 19.11). Os decretos dos homens não podem derrubar
os decretos de Deus. Numa igreja cheia do Espírito todo povo deve ter a
consciência da POSIÇÃO daquele a quem TODOS dirigem a oração (Dn. 4.35).
3) Uma oração FUNDAMENTADA NA PALAVRA DE
DEUS – “que disseste por intermédio
do Espírito Santo, por boca de Davi, nosso pai, teu servo: Por que se
enfureceram os gentios, e os povos imaginaram coisas vãs?” (4.25).
Essa é uma
citação do Salmo 2, o qual descreve a revolta das nações contra o Senhor e Seu
Ungido (Cristo). O que os “reis da terra” fizeram no Salmo 2 (rebelião ao
governo de Cristo) é precisamente o que o Sinédrio estava fazendo.
Aquela igreja
conseguiu discernir que o nosso Deus é o Deus que se revela por meio das
Escrituras. Esta oração indica que uma igreja cheia do Espírito Santo, deve se
voltar para A PALAVRA em tempos de perseguição, e nela (na Escritura) encontrar
consolo. A Palavra de Deus é suficiente (“Sola Scriptura”). Numa igreja, cheia
do Espírito Santo a oração e a Palavra, andam, caminham, sempre juntas (Jo
15.7).
4) Uma oração CONFIANTE NO PODER
PROVIDENCIAL DE DEUS – “porque
verdadeiramente se ajuntaram nesta cidade contra o teu santo Servo Jesus, ao
qual ungiste, Herodes e Pôncio Pilatos, com gentios e gente de Israel, 28 para
fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram (4.27,28);
O Salmo 2
revela a completa tolice das nações em tramar contra Deus, pois todos os seus
esforços (das nações rebeldes) seriam frustrados. Tudo quanto os inimigos
tramaram, na verdade estava cumprindo o propósito traçado pelo próprio Deus:
“Para fazerem tudo o que a tua mão e o teu propósito predeterminaram” (At
4.28).
Uma igreja
que é cheia do Espírito Santo deve ter membros que olham o cumprimento da
história do ponto de vista divino. Esta igreja compreendeu que a cruz não foi
um acidente, mas, que Deus preordenou, com SUA PRÓPRIA MÃO, até as ações do
povo que levou Jesus ao seu julgamento, e morte.
No terceiro capítulo da Confissão de Fé de
Westminster, lemos: “Desde toda a
eternidade, Deus, pelo muito sábio e santo conselho da sua própria vontade,
ordenou livre e inalteravelmente tudo quanto acontece, porém de modo que nem
Deus é o autor do pecado, nem violentada é a vontade da criatura, nem é tirada
a liberdade ou contingência das causas secundárias, antes estabelecidas”.
Deus é tão
sábio que faz com que os gentios (inimigos do povo de Deus) façam o mal (sem os
forçar) com suas próprias mãos; assim, portanto, eles são responsáveis, no
entanto, mesmo esse mal já havia
planejado de antemão pelo poder providencial de Deus. Glórias a Deus!!
5) Uma oração REALIZADA COM PROFUNDA EXPECTATIVA
DE UTILIDADE – “agora, Senhor, olha
para as suas ameaças e concede aos teus servos que anunciem com toda a
intrepidez a tua palavra, 30 enquanto estendes a mão para fazer curas, sinais e
prodígios por intermédio do nome do teu santo Servo Jesus” (4.29,30).
A idéia desse
bloco é: “E agora, Senhor, tome nota das
SUAS (do Sinédrio) ameaças”. Eles entenderam que as ameaças dos inimigos estavam
NAS MÃOS de Deus, mas, a despeito das ameaças , Deus poderia utilizá-los como instrumentos de suas mãos, a despeito:
“concede aos teus servos que anunciem com
toda a intrepidez a tua palavra, 30 enquanto estendes a mão para fazer curas...”
Irmãos
observem!! Eles não pediram para Deus matar os inimigos; não caíram em auto comiseração;
não repreenderam, ou amarraram os “demônios da perseguição”, Não!! Eles nutriram
EXPECTATIVA de que Deus os revestisse de uma coragem destemida, para serem
INSTRUMENTOS UTEIS, e proclamar corajosamente, mesmo em meio à fúria dos
inimigos, o evangelho. Eles estavam mais preocupados com A MISSÃO do que com o
conforto, e assim, Deus iria confirmando sua obra, por meio de sinais,
prodígios, e maravilhas.
Uma igreja
cheia do Espírito Santo tem a agenda aberta para as intervenções portentosas de
Deus. É DEUS, E SOMENTE DEUS, QUEM REALIZA O MILAGRE; mas, uma igreja cheia do
espírito Santo, está aberta ao extraordinário, ela nutre uma profunda expectativa
que Deus realize coisas incríveis, coisas extraordinárias e portentosas no seu
meio, como autenticação da corajosa proclamação do evangelho, em meio às
adversidades e tribulações.