“Que formosos são sobre os montes
os pés do que anuncia as boas-novas” (Is. 52.7)
Formosos não são quaisquer pés, mas, os pés que estão sobre os montes.
A perspicuidade bíblica aplicada a esta metáfora é, sem dúvida alguma, muito
adequada. Morei 10 anos em Belo Horizonte (MG), e sei muito bem, pela
experiência, daquilo que este texto está falando. Não há relevo mais difícil de
vencer do que este. Diversas foram as vezes, durante os anos de estudo no Seminário,
que, para poder dar leite ao meu filho, o único recurso que eu tinha, era
economizar no valor da passagem do ônibus. Eu saída de casa a pé, às 5h30 da
manhã em direção ao Seminário. Mas, o pior estava quando as aulas terminavam (às
12h30); agora, sob um sol causticante, eu tinha que, a pé, superar as subidas. Aproximando-se
das 14h00, eu chegava em casa, suado, esmorecido, esfomeado; mas, ao ver o
Gabriel, gordinho, sorrir, todo cansaço sumia... Vanderley Luxemburgo, quando
liderou o espetacular time do Cruzeiro (em sua era de ouro), disse que “em BH
aprendemos que atrás de um grande morro, tem sempre outro morro maior...”
Como disse, a metáfora é muito
adequada. Para se alcançar o coração de um ser humano, é preciso fazer um
grande esforço; enfrentar barreiras, vencer o cansaço, o desânimo, e até,
correr riscos... A tarefa da evangelização leva o obreiro a muitas
circunstâncias difíceis, nas quais é tentado a desanimar, e a achar que a
jornada é grande e pesada demais para ele. Muitas são as circunstâncias em que
o evangelista sentir-se-á sozinho, cansado, subindo os montes, e encontrando
outros, maiores, à frente de si. O Senhor Jesus disse “vos envio como ovelhas para o meio de lobos... rogai ao Senhor da seara
que envie mais trabalhadores para a seara... a seara é grande, mas, os
trabalhadores, são poucos...” (Lc. 10.2).
Portanto, revigorem-se e
reanimem-se! O nosso Deus só tem uma estratégia: “salvar os que crêem pela loucura da pregação” (1 Co. 1.21). A
beleza que impressiona o Senhor não são a dos rostos pálidos, maquiados,
esticados, e embelezados no conforto da religiosidade, mas a dos pés que sobem
montes, e outros à frente deles. Estes pés estão sujos, sim, outras vezes, mal
cheirosos, feridos, enlameados, empoeirados, e machucados, mas, tais marcas,
são as marcas da disposição, da
intrepidez, e do urgente compromisso com a mais sublime de todas as missões:
fazer Cristo conhecido em todo lugar. Desanima não, irmão, continua a jornada;
sua direção é para frente, e para cima. AVANCE!!
Ouvi, recentemente, numa
conferência, o atual presidente da IPB, Reverendo Roberto Brasileiro. Ele disse
a Igreja Presbiteriana aprendeu, e muito bem, os “05 Solas” da Reforma (“Sola
Scriptura, Sola Gratia, Sola Fidei, Solus Christus, Soli Deo Glória”), no entanto,
a grande necessidade da IPB, no atual momento, é aprender (e praticar) o “Sexto
Sola”: o “Sola de Sapato!” Disse ele: “É urgente que saiamos do conforto dos
nosso templos para gastarmos sola de sapato! É tempo de subirmos o morro, e
ainda, outro morro à frente dele. Temos que “suar a camisa”, e nos desgastarmos
na obra do Senhor, em tempo e fora de tempo; faça chuva, ou faça sol”
(*paráfrase minha).
Dizem que uma mulher só está
bela, e elegante, sobre um scarpin. O
texto bíblico nos projeta para outra direção, ele fala de uma rara beleza;
aquela que não se encontra sobre os scarpins,
mas sobre os montes: “Que formosos são sobre os montes os pés do
que anuncia as boas-novas, que
faz ouvir a paz, que anuncia coisas boas, que faz ouvir a salvação, que diz a
Sião: O teu Deus reina!” (Is. 52.7).
Reverendo
Valdemir Oliveira dos Santos