sexta-feira, 2 de outubro de 2015

QUANDO O DEMÔNIO RETORNA DA VIAGEM*

Quando o espírito imundo sai do homem, anda por lugares áridos procurando repouso, porém não encontra. 44 Por isso, diz: Voltarei para minha casa donde saí. E, tendo voltado, a encontra vazia, varrida e ornamentada. 45 Então, vai e leva consigo outros sete espíritos, piores do que ele, e, entrando, habitam ali; e o último estado daquele homem torna-se pior do que o primeiro. Assim também acontecerá a esta geração perversa (Mt 12.43-45).

No texto em foco Jesus está referendando o trabalho dos profetas (desde Moisés até Malaquias). Ele compara o ofício profético ao longo dos anos com uma limpeza de uma casa que estava possuída por um demônio. A “casa” (Israel) finalmente estava limpa, varrida e ornamentada (44)! Ou seja, depois de mais de 2000 anos de ensino, lágrimas, e clamor dos profetas, finalmente, Israel abandonara a idolatria.
Mas, Jesus vai mais além. Ornamentação não pode ser o fim, pois, uma casa limpa, varrida e ornamentada é por deveras perigoso. Jesus diz que o espírito imundo que saiu da casa “anda por lugares áridos procurando repouso, porém não encontra (43)... E, tendo voltado, a encontra vazia, varrida e ornamentada (44). Então, vai e leva consigo outros sete espíritos, piores do que ele, e, entrando, habitam ali; e o último estado daquele homem torna-se pior do que o primeiro” (45). Jó 1.7,8 registra esta cena: “Então, perguntou o SENHOR a Satanás: Donde vens? Satanás respondeu ao SENHOR e disse: De rodear a terra e passear por ela. 8 Perguntou ainda o SENHOR a Satanás: Observaste o meu servo Jó?”.
O problema de Israel estava na sua não progressão espiritual. Não se deve parar na ornamentação. Jesus amaldiçoou uma figueira por possuir folhas (ornamento), mas, não frutos (Mt. 21.19). Depois de limpa e ornamentada, a casa precisa ser preenchida.  Ao rejeitar o Messias Israel atestava que Cristo não havia sido inserido na casa. Cristianismo é mais do que ornamentação; é inserção do verbo da vida na casa do nosso coração. João 1.14 diz: “o Verbo se fez carne e “habitou” (“tabernaculou”) entre nós”: a encanação deve também ser entendida como o Cristo “armando sua tenda”, fazendo morada no meio de nós.
Mas há um outro problema ainda maior. Casa limpa, varrida e ornamentada, porém não preenchida, é pior do que casa suja. Se o espírito imundo, ao retornar, encontrar a casa vazia, pode trazer consigo outros sete espírito imundos piores que ele e “tomarem posse” dela (45). A inflexibilidade de Israel em relação ao não reconhecimento do Messias era uma evidência de que o espírito imundo já se apossara da residência. Talvez lhes fosse melhor, ou, menos pior, que nunca tivessem tido acesso às verdades que tiveram por meio dos profetas. 2ª Pedro 2.20-22, diz: “Portanto, se, depois de terem escapado das contaminações do mundo mediante o conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, se deixam enredar de novo e são vencidos, tornou-se o seu último estado pior que o primeiro. 21 Pois melhor lhes fora nunca tivessem conhecido o caminho da justiça do que, após conhecê-lo, volverem para trás, apartando-se do santo mandamento que lhes fora dado. 22 Com eles aconteceu o que diz certo adágio verdadeiro: O cão voltou ao seu próprio vômito; e: A porca lavada voltou a revolver-se no lamaçal.”

O Cristianismo verdadeiro não é ornamentação, é inserção do Verbo da vida na residência do nosso coração. Eis uma de nossas maiores chagas: Crentes “casas ornamentadas”. Mentes cheias de informação, mas, ausência de fogo no coração. Belos discursos no lábios; ausência de temor nas atitudes. O espírito imundo vagou por lugares áridos, retornou,  e encontrou a casa vazia. O segundo estado ficou pior que o primeiro. Pérolas foram lançadas aos porcos... “melhor” lhes teria sido nunca “conhecer”.
*Adaptação da 3ª parte de Sermão pregado por mim (Reverendo Valdemir O. Santos) na igreja Presbiteriana central de Rio Novo do Sul em 26/09/2015. 

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