sexta-feira, 8 de julho de 2011

A EXCELÊNCIA DE CRISTO

Evidentemente, existiram muitas pessoas que viram a Jesus mas não viram a glória de Deus. Viram um glutão e bebedor de vinhos (Mt 11.19). Viram a Belzebu, o príncipe dos demônios (Mt 10.25; 12.24) e um impostor (Mt 27.63). “Vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem” (Mt 13.13). A glória de Deus, na vida e ministério de Jesus, não era a glória ofuscante que veremos quando Jesus vier, pela segunda vez, com “seu rosto” brilhante “como o sol na sua força” (Ap 1.16; Lc 9.29). A glória de Jesus, em sua primeira vinda, era um conjunto incomparavelmente extraordinário de perfeições espirituais, morais, intelectuais, verbais e práticas que se manifestavam em um tipo de ensino humilde, realizador de milagres e incontestável, bem como em atitudes humildes que separavam Jesus de todos os homens.
O que estou procurando expressar é que a glória de Cristo, conforme se manifestou entre nós, consistia não apenas de um ou outro atributo, de uma ou outra ação, mas naquilo que Jonathan Edwards chamou de “uma admirável conjunção de excelências diversas”. Em um sermão intitulado “A Excelência de Cristo”, Edwards usou como texto Apocalipse 5.5-6, onde Cristo é comparado tanto a um leão como a um cordeiro. O principal argumento de Edwards era que a glória singular de Cristo era tal, que excelências diversas (leão e cordeiro) se uniam nEle. Estas excelências são tão diversas, que “nos teriam parecido completamente incompatíveis no mesmo assunto”.
Em outras palavras:
Admiramos a Cristo por sua glória, porém O admiramos muito mais por sua glória estar mesclada com humildade;
Admiramos a Cristo por sua transcendência, mas O admiramos muito mais porque sua transcendência está acompanhada por condescendência;
Admiramos a Cristo por sua justiça inflexível, contudo O admiramos muito mais porque sua justiça é temperada com humildade;
Admiramos a Cristo por sua majestade, porém O admiramos muito mais porque é uma majestade vestida com humildade;
Admiramos a Cristo por sua igualdade com Deus; todavia, O admiramos muito mais porque, mesmo sendo igual a Deus, Ele tem uma profunda reverência a Deus;
Admiramos a Cristo porque Ele era digno de todo o bem, mas O admiramos muito mais porque isto era acompanhado por uma estupenda paciência em sofrer o mal;
Admiramos a Cristo por seu domínio soberano sobre o mundo, contudo, O admiramos muito mais porque este domínio está vestido de um espírito de obediência e submissão;
Admiramos a Cristo porque, com sua sabedoria, deixou perplexos os orgulhosos escribas, porém O amamos muito mais porque Ele se mostrou simples o bastante para gostar das crianças e gastar tempo com elas;
Admiramos a Cristo porque Ele usou seu poder para acalmar a tempestade, todavia, O admiramos muito mais porque se recusou a usar tal poder para ferir os samaritanos (Lc 9.54-55), com fogo do céu, e se recusou a usar seu poder para livrar a Si mesmo, descendo da cruz.
A lista poderia continuar. No entanto, esta é suficiente para ilustrar que a beleza de Cristo não é simples, é complexa. É a união, na mesma Pessoa, de um perfeito equilíbrio e proporção de qualidades extremamente diversas. Isso é o que torna Jesus Cristo singularmente glorioso, excelente e admirável. O coração humano foi criado para permanecer em temor ante essa excelência. Fomos criados para admirar Jesus Cristo, o Filho de Deus.
 John Piper

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