OS BENEFÍCIOS DE NOSSA UNIÃO COM CRISTO
E assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as cousas antigas já passaram; eis que se fizeram novas (2ª Coríntios 5:17)
Um dos grandes privilégios da minha vida foi poder ser pai. No entanto, no período da gravidez de minha esposa, Marilene, uma grande ansiedade invadiu minha vida. Especialmente durante a gestação do primeiro filho (marinheiro de prmeira viagem), pensei: a criança só será beneficiada se ela permanecer ligada à mãe. Meu maior tesouro são meus 2 filhos: Gabriel, e Sâmeah (lindos como o pai). Agradeço a Deus por terem sido tão beneficiados, antes de nascerem, pois durante 9 meses estiveram ligados à mãe.
O apóstolo Paulo também fala a respeito de uma ligação entre os crentes e Cristo. Uma “União Mística”. O crente é unido a Cristo. E, ao que parece, ali em Corinto, não estava havendo uma compreensão a respeito deste fato. Esta frase “em Cristo” e suas variantes, são características de Paulo; aparecem pelo menos 164 VEZES em suas cartas. James Stuart escreveu: “Vem crescendo consistentemente dentro de mim a convicção de que a União com Cristo, ao invés da justificação, eleição ou a escatologia, ou na verdade, ao invés de qualquer outro grande tema apostólico, é a real chave para entender o pensamento e a experiência de Paulo” e ele diz mais: “Podemos considerar a doutrina da união com Cristo, não somente como a coluna da religião de Paulo, mas como também a própria âncora de sua ética” . Ou seja, o que ele quer dizer é que será muito difícil entender plenamente os escritos do apóstolo Paulo, se não entendermos bem a doutrina da União com Cristo. Falaremos hoje a respeito de um dos grandes temas do Cristianismo: a doutrina da União com Cristo. Paulo nos falou: “Se alguém está EM CRISTO”, há benefícios. Para Paulo, o cristianismo não é um sistema especulativo, mas qualidade de vida. Baseados neste texto, falaremos sobre Os Benefícios da Nossa União com Cristo. Se há benefícios quais são? Observemos:
1- TRANSFORMAÇÃO DO PECADOR EM UMA NOVA CRIAÇÃO - é Nova Criatura...
João Calvino escreveu certa vez: “Enquanto Cristo permanecer fora de nós, e nós estivermos separados dele, tudo o que ele sofreu e fez pela salvação da raça humana permanece inútil e sem valor para nós... Tudo o que Cristo possui é nada para nós até que cresçamos num corpo com ele” . Para Paulo, estar unido a Cristo, significava estar identificado intimamente com Cristo; é a vida de Cristo implantada em mim. Por isso, a bíblia ensina que os crentes verdadeiros estão em Cristo, ou seja, não há salvação enquanto não formos feitos um com Cristo e, só permanecemos salvos se permanecermos em Cristo.
Paulo faz uma analogia com o ato criativo de Deus, lá no início. Há um paralelo entre o ato criativo de Deus, com o ato “recriativo” em Cristo. Você é nova criação. Ainda que a tradução seja criatura, a palavra no original (Ktsis) trás mais claramente o sentido de "criação". Somos recriados em Cristo. Se alguém está em Cristo, ele faz parte da nova criação de Deus. Por isso é que Cristo falou a Nicodemus: “Você precisa nascer de novo (Jo 3:7), que literalmente significa, você precisa nascer do alto!
Assim, esta primeira parte do texto não está tratando de condição moral, como geralmente é pregado, mas de mudança de “status”. Perceba a objetividade e a clareza do texto. É como se ele dissesse, se alguém está em Cristo, automaticamente ele é nova criação. Ou seja, automaticamente seu “status” é mudado. Ele era filho das trevas, como foi recriado em Cristo Jesus, agora ele á filho de Deus!
Assim, o texto leva primeiramente a ênfase para Deus. Porque você é nova criação? Porque assim como Deus te criou no princípio, fazendo de você criação dEle, somente porque Ele quis. Você foi RECRIADO EM CRISTO”.
Mas há também uma ênfase humana em termos de essência. Observe a ênfase do verbo; você É nova criação. Ou seja, você AGORA JÁ É uma nova criação. Explico: não nova criação "totalmente", mas GENUINAMENTE nova (exemplo do bebê: é um ser humano? Sim, genuinamente, ainda que não completamente. Ele precisará saber a andar, falar, ter decepções, alegrias, tristezas, exercitar plenamente suas faculdades intelectuais, senso de decisão etc. "Essencialmente e genuinamente" ele já é um ser humano).
Àqueles que estão em Cristo, Paulo diz: “Vocês são nova criação” (1ª Jo. 3:2). E é assim, meu irmão, que você deve se enxergar, como nova criação de Deus. Antony Hoeckema nos diz: “A vida cristã envolve não apenas crer em algo a respeito de Cristo, mas também crer em algo sobre nós mesmos. Devemos crer que de fato somos parte da nova criação de Cristo. Nossa fé em Cristo deve incluir o crer que somos exatamente o que a bíblia diz que somos” .
Talvez você me questione: isso é orgulho espiritual! Eu lhe respondo, não! Vamos expor melhor esta idéia no terceiro ponto. Mas basta lhe dizer que a bíblia mostra aquilo que somos (aqueles que estão EM Cristo) sem nenhum receio. Se você está em Cristo, seu “status” de filho da ira, mudou para filho de Deus, você se assenta nos lugares celestiais, você é co-herdeiro com Cristo de todas as riquezas celestiais (Ef. 1: 3-6)
O cristão precisa positivamente se enxergar dessa forma. Quantos que vivem se julgando escória, que não valem nada, têm uma visão negativa a respeito de si, vivem deprimidos e cabisbaixos. A bíblia diz que você, sendo oliveira brava, você foi unido a Cristo, você é faz parte da nova criação de Deus (Rm 11:17). Você foi recriado e redirecionado em Cristo Jesus, você foi transformado em uma Nova Criação de Deus, em Cristo Jesus, Amém!
Observemos que o texto nos mostra um segundo benefício de nossa união com Cristo.
2- ROMPIMENTO DEFINITIVO COM A VELHA VIDA - as coisas antigas JÁ passaram...
No primeiro ponto vimos que houve uma tensão entre a velha criação e a nova criação. O texto bíblico nos mostrou que essencialmente e genuinamente, ainda que não completamente, somos nova criação de Deus. Exemplificamos esta verdade com a ilustração do bebê.
Observemos ainda que o versículo bíblico demonstrará neste segundo momento uma segunda tensão em termos de trato com a velha criação. Agora sim, entramos no caráter moral desta doutrina.
Paulo diz, para quem está em Cristo que as coisas antigas (velhas ou obsoletas) já passaram. O termo “velho” aqui significa tudo que tem conexão com o velho homem, com o homem caído, com a sujeição ao pecado, com nosso primeiro representante (Adão). Paulo está a nos falar de uma tensão de dispensações, de eras, de épocas, de momentos. A era da alienação de Deus é coisa pertencente ao passado daqueles que estão em Cristo. O verbo “passaram” está no aoristo. A ênfase não recai tanto no tempo, mas na ação. Houve uma ruptura, uma ação definitiva; o vínculo com o passado foi rompido de uma vez por todas, Aleluia!
Juridicamente, legalmente isso ficou definitivamente para trás: “despojando os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz (Cl 2:15)”, “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8:1)”, “Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus?”, “Quem os condenará? (Rm. 8: 33, 34), “Justificados pois, mediante a fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 5:1)”.
As coisas referentes à velha vida: as maldições da lei, o medo da condenação por causa de nossos pecados, tudo isso é passado, glórias a Deus! O verbo, aqui, no original (grego) nos dá exatamente essa idéia, houve um rompimento definitivo com a era passada. Nada pode retirar esse benefício.
Infelizmente não são poucos os crentes que ainda não se conscientizaram desse benefício. Não são poucos os que acreditam, por exemplo, que as dificuldades financeiras, opressões, vícios etc, são consequências de maldições que seus antepassados lançaram sobre eles, são “amarras”; são juramentos feitos por seus avós dando ordem a demônios para dominarem suas famílias (“espíritos familiares”). Ensinam estes que é preciso uma palavra de ordem dirigida às trevas para quebrar as maldições. Interpretam erroneamente Êxodo 20:5-6 para justificar isso: “Deus visita a iniqüidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração”. Pelo amor de Deus, irmãos, a ênfase deste texto (Ex. 20:5,6) não é aritmética ou matemática; deixemos de ser “bebês espirituais”. Sejamos bons e sinceros pastores, paremos de assassinar a “dona Hermenêutica”! Neste texto há uma "figura de linguagem" chamada hipérbole (linguagem do exagero para ressaltar algo). A ênfase do texto é para ressaltar a superioridade da bênção de Deus, ou seja, enquanto Deus "amaldiçoa" até 4 gerações; a sua bênção, vai até mil gerações (versículo 6). Não é uma questão matemática pura e simples; é a clara percepção de que nosso Deus é infinitamente mais abençoador; sua bênção é infinitamente maior, pois, atinge a mil gerações. Aleluia!
É o triunfo, a superioridade da graça redentora de Deus. Paremos com esse negócio de ficar fazendo mapas genealógicos para descobrir laços passados, ou ficar por aí decretando isso ou aquilo. Isso é menosprezo a tudo aquilo que Cristo já fez na cruz. Quando alguém é unido a Cristo, é transformado em nova criação, e todo vínculo com o passado, com a velha vida; todas as maldições são imediatemente rompidas, “Onde abundou o pecado, superabundou a graça! (Rm 5:20)”, “Maior é o que está em nós, do que o que está no mundo(1ª Jo. 4:4)”, “Agora pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8:1)”. As coisas antigas passaram definitivamente.
É doído vermos irmãos que não se conscientizaram de fato e de verdade. Não são poucos os que estão escravizados ao passado, a velhos pecados, velhas manias e se dizem crentes. Outros sãos os que caem na balela da psicanálise: Se você fez 10 pecados (chamados agora de “ compulsão, desvios de comportamento” ou traumas), procure cometer somente 05, hoje.
Nada disso, meus irmãos, ensinemos às nossas ovelhas a entenderem o pecado como pecado aos olhos de Deus, e, ensinemo-los a se conscientizarem daquilo que Cristo já lhes beneficiou na cruz.
Mas Paulo nos ensina ainda um terceiro benefício de ossa União com Cristo:
3- VIVÊNCIA DIÁRIA NUMA NOVA DIMENSÃO - eis que se fizeram novas.
O que foi exposto por Paulo até aqui? Demonstramos uma questão de tensão entre velho e novo. Primeiramente demonstramos que devemos tomar consciência e entendermos que somos uma nova criação de Deus em Cristo, fomos recriados e redirecionados em Cristo, estamos definitivamente ligados para sempre, pois, fomos, pelo Pai, enxertados em Cristo, fomos feitos Filhos de Deus, nosso “status" mudou. Demonstramos depois uma segunda tensão de trato em como lidar com a velha era. Aprendemos que não temos mais nada a ver com ela, ela é passada.
Mas ainda há outra tensão. É uma tensão de perspectiva: Qual era a minha perspectiva na antiga era e qual é (agora) a minha perspectiva na "nova era" EM Cristo?
Você era velha criação, a criação da carne, marcada por uma perspectiva de morte, de escravidão, de pecado, de infelicidade, de tristeza, de dor, de legalismo, de frustração, de alienação. Mas você agora é nova criação. Você pertence à "nova era" inaugurada por Cristo em sua ressurreição: “Não se põe vinho novo em odres velhos, nem se põe remendos novos em roupas velhas”. O "vinho novo" é infinitamente melhor que o velho!(Mc 2:22).
O "velho", a velha vida, os velhos hábitos etc, não suportam o "novo", a nova vida, à nova era inugurada em Cristo! C. K. Barret traduz interessantemente este versículo da seguinte forma: “Se alguém estiver em Cristo, há um novo ato de criação: todas as coisas velhas se foram, eis que novas coisas vieram a existir ” . “Tudo se fez novo, ou, Eis que se fizeram novas”. O tempo verbal no original (grego) está no perfeito, demonstrando que o resultado é definitivo, mas que a cada dia recebemos mais e mais os efeitos desta nova realidade em nossas vidas.
Para Paulo, ser cristão é desfrutar deste benefício; é estar engajado numa luta feroz contra o pecado, porém é muito mais viver uma nova vida numa nova dinâmica, numa nova dimensão, numa nova realidade, numa perspectiva totalmente diferente e oposta a tudo a tudo quanto foi antes! Aleluia!
Passamos a viver, agora na terra, um pedaço do céu, é a realidade do que oramos no Pai nosso: “Faça-se a tua vontade aqui na terra, do jeito, da forma como ele é feita no céu (Mt. 6: 9)”. Ao aceitarmos a Cristo, passamos a viver a vida diária numa nova dimensão, numa nova perspectiva. A lei de Deus, prometida por Jeremias 31:33-34 (ler) foi introduzida em nosso coração, recebemos coração novo e inclinações novas.
Esclarecemos agora o primeiro ponto, quando falamos a respeito de conhecermos a nós mesmos e entendermos o “status”, que agora possuímos em Cristo. Isto tudo, implicará numa vida dinamicamente ativa, oposta ao orgulho. Isso significa que precisamos enxergar a nós mesmos, como Deus de fato nos vê à luz de sua maravilhosa graça: como pessoas justificadas e salvas, como pessoas que não confiam em si mesmas, mas se dispõem como canal para Deus encher e transmitir bênçãos e esperanças a outros. Significa confiar que Deus pode, de fato, nos usar em sua obra. Isto é totalmente oposto a orgulho espiritual.
Viver, portanto, uma vivência diária numa nova dimensão, sob uma nova perspectiva, é exatamente isso! É uma vida de profunda convicção de pecado e um reconhecimento de que estamos ainda longe de sermos o que deveríamos ser. Significa não nos gloriarmos em nós mesmos, mas em Cristo. Significa experimentar e viver dia a dia, vida em abundância. Significa receber a seiva, a vida de Cristo implantada em nós, significa estarmos num processo positivo de restauração da imagem de Deus. Significa que estamos avançando na força de Cristo, em direção à perfeição divina; pessoas que estão progressivamente sendo renovadas pelo Espírito Santo. “Se alguém está em Cristo, é nova criatura: as coisas antigas passaram; eis que se fizeram novas”.
Conclusão:
Certa vez C. S. Lewis disse: “Cristãos não são apenas “pessoas boas”, são ou supõe-se que sejam pessoas novas” . É exatamente isso que foi o nosso objetivo através desta mensagem. Demonstrar que possuímos muitos benefícios ou privilégios, por termos um dia sido unidos a Cristo e estes benefícios irão marcar e impactar tremendamente a nossa vida.
Somos pessoas novas e distintas, não porque somos melhores, mas porque ao sermos unidos e feitos um com Cristo, a maravilhosa graça de Deus nos transformou na nova Criação de Deus, mudou meu “status”, e eu preciso me enxergar e me compreender plenamente. Mas também a graça da união com Cristo me deu o privilégio de romper de forma definitiva com o meu passado, e, eu e você precisamos tomar posse dessa verdade, tomar consciência deste fato. Demonstramos que a União com Cristo me deu o privilégio e a oportunidade de viver a vida, no presente, numa nova dimensão de prazer e refrigério maravilhoso em Deus.
Pergunto então: isso tem feito sentido para você? Como você se enxerga? Você tem consciência de que a vida de Cristo está implantada em você? Você tem sido quebrantado por Cristo, todos os dias? Você já rompeu definitivamente com seu passado, ou “de vez em quase sempre” velhos hábitos vêm à “flor da pele?”. Você tem vivido uma vida dinâmica, debaixo da unção do Espírito Santo? Você tem influenciado e despertado outras pessoas a adorarem e servirem esse maravilhoso Deus? Você tem amado Ele com toda sua força e toda alma e coração?
O que penso, pelos fatos é que muitos crentes no Senhor Jesus ainda não tomaram consciência deste fato. Vemos irmãos que, só por terem estudado um pouco a mais, humilham os mais novos: Calouros! Até parece que isso é ser "espiritual". Homens ímpios, como Gonzaguinha, já cantaram na década de 80 que seu prazer era “cantar a beleza de ser um eterno aprendiz”. Vemos irmãos sendo desafiados a virem ao culto, mas, inventam desculpas... Vemos irmãos entristecendo, desanimando nossos mestres. Vemos rebeldia, prevaricação, dureza de coração...
Meu irmão, você não tem nada a ver mais com o diabo! Você não tem mais nada com a "velha era". Mude sua atitude. Peça perdão a Deus, confesse seu pecado, entre em aliança com Ele, agora. Peça que o Espírito Santo que mude suas disposições, sua visão, sua maneira de ser e agir. Viva um autêntico cristianismo, lance fora toda podridão, receba o perdão gratuito, acabe com a atitude crítica, desanimadora, mesquinha. Saia daqui com um novo propósito de vida.
Concluo esta mensagem com o ensino do Catecismo de Heidelberg: “Qual o nosso único conforto na vida ou na morte? Resposta: Que não pertenço a mim mesmo; mas pertenço – corpo e alma, na vida e na morte – ao meu fiel Salvador e Senhor Jesus Cristo” . Aleluia!
Que o nosso bom Deus nos abençoe. Amém!
Rev. Valdemir Oliveira dos Santos
Caro irmão Valdemir, muito bom texto, realmente esta união, comunhão, intimidade (ou como quer que chamem), com Cristo é Imprescindível na vida do Cristão. Definitivamente não podemos viver sem ela.
ResponderExcluirEm Cristo:
Amarildo.