APRENDENDO A LIÇÃO DA BONDADE
Esse texto é um testemunho do meu grande amigo, Reverendo Júlio Maria Caldeira Sellos (atualmente pastor da Igreja Presbiteriana de Jaburuna - Vila velha (ES); foi escrito há uns 05 anos atrás. Morávamos no mesmo prédio, pastoreávamos igrejas eram igrejas vizinhas. Extraí do boletim informativo da Sétima IPBH, e falou muuito ao meu coração, creio que falará também ao seu.
Era o ano de 1984... Naquela época eu estava na IPB em Mantena e sentia enorme prazer no contato pastoral com aqueles crentes interioranos, zelosos espiritualmente.
Que grande alegria era visitar as congregações na roça. Uma delas ficava em Bom Jardim, cabeceira do Rio Ariranha, a 25 quilômetros de Mantena. Tenho saudade do carinho e respeito com que eu era recebido nas casas humildes, onde os irmãos hospedavam o pastor e me serviam sempre bolo de melado, com leite de cabrita, adoçado com amendoim.
Em certa noite fui com meu amigo, o presbítero Luiz Oaks, dirigir o trabalho em Bom Jardim. O nosso fusquinha vermelho cortava “velozmente” a estradinha apertada com curvas perigosas e pequenos trechos de mata.
Chegamos. Pregamos. E no final, depedimo-nos de todos, apertando as mãos grossas dos presentes, mãos calejadas no cabo da enxada. Lembro-me que uma senhora idosa (dona Amélia), sorridente, aproximou-se e disse-me: “Pastor, me dá uma carona, me leva para casa”. A dona Amélia era cega, e mesmo assim andava alguns quilômetros para ir ao culto, sendo levada por sua neta, com bastante dificuldade, por causa das pedras no caminho e da travessia da pinguela.
A minha resposta para dona Amélia foi negativa. Tentei explicar-lhe que a hora era avançada e que a direção da casa dela era oposta à estrada de retorno para Mantena... E que também havia aquela “ponte” de troncos de árvores; difícil de passar, pois, devido à escuridão, o pneu do carro poderia sair fora das toras e causar acidente.
A velhinha respondeu-me: “Tudo bem, pastor, então vá com Deus”. Eu e o presbítero entramos no carro, e ela embrenhou-se pela noite fria, escura, acompanhando sua neta.
No retorno, Deus concedeu-me uma lição que jamais esquecerei... Dirigimos apenas um quilômetro da congregação e, devido uma fortíssima ventania naquela noite, tinha caído uma árvore, cujo tronco da altura de quase um metro, atravessou a estradinha. Paramos o fusca. Descemos. Não tinha como prosseguir. Naquele momento lembrei da senhora cega. E supliquei a misericórdia de Deus para a minha vida, pedindo-lhe para fazer de mim um pastor bondoso de coração.
Em seguida perguntei ao presbítero: “Tem outra estrada para Mantena...? “ Ele respondeu: “Tem sim, vamos voltar, e passar pelo patrimônio Limeira, só que teremos que passar bem na porta da casa de dona Amélia”.
Nós voltamos e ao longe, pela luz do farol, vimos dona Amélia subindo o monte. Paramos perto dela e eu abri a porta do carro, dizendo-lhe: “Entre, serva do Senhor, e perdoe ao pastor, por ter-lhe negado uma carona”.
Contei para ela o que tinha acontecido e a deixei em casa. Ali oramos juntos,,,
A bíblia tem razão: “Façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gálatas 6:10), pois, o fruto do Espírito é a BONDADE.
Reverendo Júlio Maria Caldeira Sellos
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